Os principais desafios “prendem-se com um tecido industrial ainda pouco preparado para responder tecnologicamente às necessidades associadas à produção de soluções modulares”, na opinião do arquiteto Samuel Gonçalves. Do ponto de vista regulamentar, o responsável menciona “os mesmos entraves que afetam qualquer tipo de construção em Portugal: um quadro regulatório excessivo, complexo e muitas vezes contraditório, e uma tendência kafkiana que se verifica em alguns organismos da administração pública que, tantas vezes de forma arbitrária e até ilegal, indeferem e atrasam ad aeternum os processos de licenciamento”.
Manuel Reis Campos defende a necessidade de maior “investimento em infraestrutura e tecnologia, na construção e modernização das fábricas de pré-fabricação, no desenvolvimento de novos materiais e técnicas construtivas, bem como na implementação de sistemas de automação e digitalização dos processos de produção”. Além disso, diz, é preciso investir em programas de formação e capacitação profissional para capacitar os trabalhadores do setor a estarem aptos para este novo modelo construtivo. Mas não só. O responsável destaca o papel que o Governo deve assumir no estímulo à construção industrializada, “por meio da implementação de incentivos e políticas públicas, da criação de linhas de financiamento específicas, da definição de normas e regulamentos claros que incentivem a adoção da construção industrializada, bem como, através da promoção de projetos piloto”.
Para que a construção de casas industrializadas atinja a capacidade de produção em massa, é necessário um “investimento significativo em tecnologias avançadas, equipamentos modernos e infraestruturas adequadas para apoiar a produção em massa, tais como fábricas bem equipadas, linhas de produção automatizadas e sistemas logísticos eficientes”, assim como conseguir “garantir que os trabalhadores tenham as competências necessárias para operar equipamentos modernos e seguir padrões de qualidade”.
Reis Campos concorda que um dos principais desafios regulamentares dos novos métodos construtivos está relacionado com o facto de muitas normas e procedimentos existentes terem sido desenvolvidos com base na construção tradicional, “o que pode criar dificuldades às empresas promotoras”. “Com efeito, uma vez que estas construções estão sujeitas a licenciamento, comunicação prévia ou isenção, na mesma medida que qualquer outra operação urbanística, há que garantir uma constante atualização e simplificação dos procedimentos administrativos, de modo a viabilizar a implementação de projetos de construção modular, ao mesmo tempo que se garante a sua conformidade com as normas e regulamentos aplicáveis”, sustenta o presidente da CPCI e da AICCOPN.




